Há exatos dez anos, a versão 1.0 do navegador Firefox era lançada para o público geral com um objetivo ambicioso: ser uma nova alternativa para o então monótono mercado de browsers, dominado quase completamente pelo Internet Explorer.
Criado pelos engenheiros de software Dave Hyatt e Blake Ross, o navegador surgiu como uma alternativa ao então desgastado pacote de ferramentas para acesso à internet Mozilla Suite, que se tornava sucessivamente mais lento a cada nova versão.
Logo após o lançamento, o Firefox explodiu: só no primeiro ano o navegador registrou 100 milhões de downloads globalmente e, desde então, manteve um crescimento constante. De acordo com dados da própria companhia, hoje o Firefox está disponível em 89 línguas diferentes e tem mais de 500 milhões de usuários ao redor do mundo em suas plataformas desktop e mobile.
Para celebrar a data, a Mozilla anunciou uma série de novidades que devem estar disponíveis a partir de hoje (10) e que devem dar uma nova força para o navegador ganhar espaço na eterna guerra dos browsers - briga, aliás, na qual Firefox tem perdido algum espaço nos últimos meses. Por isso, a empresa agora deve apostar forte em um dos temas mais polêmicos da web na atualidade: a privacidade.
"Hoje a situação é diferente, a web é poderosa e há muitos navegadores competindo para dar a melhor experiência para os usuário, mas não é tudo perfeito, ainda há problemas", explicou o gerente sênior de engenharia da Mozilla, Gavin Sharp, ao Canaltech. "Estamos tentando resolver esses problemas e, na nossa perspectiva, o principal é o usuário ter privacidade, controle e escolha sobre sua experiência online".
E nisso a Mozilla tem vantagem: dos principais players do mercado de navegadores, o Firefox hoje é o único que não tem uma grande corporação por trás de seu desenvolvimento. Ao contrário do IE da Microsoft, do Chrome, do Google, e do Safari, da Apple, o Firefox é um software de código aberto mantido por uma fundação independente e sem fins lucrativos.
Por isso, a nova versão do Firefox traz diversas funções voltadas à privacidade de navegação para o usuário final, que devem chamar a atenção daqueles mais preocupados com quem está de olho em seus hábitos de navegação.
A primeira das novidades é o chamado Forget Button, uma função que permitirá ao browser "esquecer" todos dados de navegação do usuário de um período determinado, deletando histórico e cookies de navegação. A função poderá ser programada para apagar toda a navegação dos últimos 5 minutos, 2 horas ou 24 horas.
A opção é complementar ao modo de navegação privada, já presente no browser desde 2009, mas deve servir como uma alternativa para o usuário que quiser apagar dados de navegação posteriormente ao uso. Vale lembrar que o modo não impede que operadoras e sites acessem informações sobre sua navegação, mas apagam todos os registros de acesso dentro da máquina do usuário. "Ele te protege essencialmente de outras pessoas verem seus dados de navegação e construírem uma 'imagem' de você e dos sites que vocês visita", afirmou Chad Weiner, diretor de produtos da Mozilla.
Além disso, a empresa também anunciou uma parceria com o serviço de busca DuckDuckGo que tornará a ferramenta o padrão para buscas dentro do Firefox a partir de hoje. Diferente de serviços como o Google e o Bing, da Microsoft, o DuckDuckGo não coleta nenhum tipo de informação pessoal do usuário, o que impede companhias de utilizarem dados de navegação do usuário para mostrar publicidade dirigida nos resultados de buscas. O uso do DuckDuckGo é opcional, e o internauta ainda terá a escolha de selecionar qual mecanismo de busca ele deseja utilizar.
O anúncio pode ser um passo importante para a privacidade na web, mas deve representar um novo desafio que ainda não foi explicado como será resolvido pela Mozilla. Apesar de independente, hoje a empresa tira grande parte de suas receitas do próprio Google, através do uso desta ferramenta de busca como padrão de seu navegador. Com a troca para oDuckDuck Go, a empresa pode ver parte de suas receitas caírem.
Por fim, nova versão também contará com um sistema de links patrocinados apelidado de Enhanced Tiles (algo como "ladrilhos avançados"), que exibirão links de sites parceiros da Mozilla baseados no padrão de uso do internauta quando ele abrir uma nova aba do navegador.
Segundo os desenvolvedores, a ideia do sistema é criar uma plataforma de conteúdo promovido na qual o usuário tenha controle se deseja ou não ver aquele tipo de conteúdo, de maneira pouco invasiva e que não armazene dados de navegação. Com o tempo, essas sugestões serão substituídas pelas páginas mais acessadas pelo internauta. "Nos achamos que, com esses novos esforços, o Firefox vai representar uma escolha melhor para nossos usuários e acreditamos que eles vão responder bem a esses esforços. Estamos confiantes que isso vai resultar em um crescimento positivo para o Firefox", disse Gavin.
Apesar da comemoração de dez anos, o momento não é dos melhores para o navegador. As medições variam, mas segundo dados da Net Applications, o Firefox alcançou seu ápice de market share em abril de 2013, com pouco mais de 20%, e só caiu desde então. Atualmente, a participação é pouco menor do que 14% do total.
Firefox para desenvolvedores
O Firefox sempre foi uma plataforma muito próxima da comunidade de desevolvedores - mais de 40% de seu código open source foi escrito por voluntários. Por isso, o browser deverá contar com mais uma ferramenta criada "por desenvolvedores para desenvolvedores".
Junto com as atualizações do navegador, a Mozilla lança nesta segunda-feira uma novidade para os devs do Firefox que deve substituir a versão de prévia Aurora do Firefox, apelidada de Developers Edition. Com ela será possível acessar os novos builds no Firefox com cerca de 12 semanas de antecedência, facilitando a implementação de atualizações à extensões, sites e serviços dentro do navegador.
Entre os recursos disponíveis estão ferramentas de desenvolvimento que permitirão mexer no próprio Firefox e observar as mudanças em tempo real no navegador, além de uma ferramenta para fazer debug do Chrome, Chrome mobile e Safari mobile dentro do Firefox.
De acordo com os desenvolvedores da Mozilla, mais novidades ainda deverão ser reveladas para devs no decorrer das próximas semanas. O novo pacote é bem-vindo para sistema, que, apesar de popular, ainda sofre com alguns problemas de estabilidade que evitam muitos usuários de usá-lo como navegador padrão, como seu uso elevado de memória.
Prévia do desing do novo canal para desenvolvedores do Firefox foi revelado no site ghacks.net na semana passada (foto: reprodução)
Matéria completa: http://canaltech.com.br
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