quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Impressora 3D já pode salvar vidas e melhorar qualidade delas também

As impressoras 3D podem produzir coisas incríveis, desde alimentos a até mesmo carros. Mas a aplicação apontada como a principal revolução está relacionada à área de saúde. A mais comum solução com a tecnologia são as próteses para amputados, porém há impressão tridimensional de crânios, artérias e até mesmo órgãos. Saiba o que já é realidade e como a alternativa pode melhorar os tratamentos médicos.
Molde de coração fabricado por uma impressora 3D  (Foto: Divulgação/Materialise)Molde de coração fabricado por uma impressora 3D (Foto: Divulgação/Materialise)

Moldes e próteses
Um dos maiores exemplos de sucesso das impressoras 3D utilizadas para fins medicinais aconteceu em julho deste ano no Hospital Infantil Morgan Stanley, em Nova York. Um recém-nascido foi diagnosticado com uma cardiopatia congênita, onde o pequeno coração, misturava os sangues oxigenados e não oxigenados, ocasionada por um defeito nas válvulas.
Para manter o bebê vivo, a única chance seria fazer uma cirurgia, que era considerada de alto risco por causa do tamanho minúsculo do órgão. Como era muito pequeno, os médicos não tinham a real dimensão do problema, e a única forma encontrada foi a construção de um modelo ampliado a partir de uma impressora 3D.
O molde foi desenvolvido pela empresa belga Materialise. Utilizando celuloide maleável, a empresa conseguiu reproduzir a textura e os defeitos que o coração da criança apresentava. Com isso, os médicos puderam ter um guia para realizar o procedimento, evitando situações de risco como ter que parar o coração. Além disso, eles puderam consertar o problema em apenas uma operação, o que, sem o modelo artificial, só seria possível após três ou quatro procedimentos.
Outro caso que ficou bastante famoso foi o do chinês Hu, de 46 anos. Após cair de um prédio de três andares, o fazendeiro perdeu parte do crânio. Sua cabeça ficou deformada. A solução encontrada pelos médicos foi desenvolver uma malha de titânio fabricada em 3D. A prótese foi colocada junto aos ossos do crânio, e o chinês teve parte da sua cabeça reconstruída.
Homem tem crânio reconstruído graças a malha de metal criada por impressora 3D (Foto: Reprodução/China Daily)Homem tem crânio reconstruído por malha de metal criada por impressora 3D (Foto: Reprodução/China Daily)
No início de 2014, uma mulher teve o seu crânio substituído por um molde de plástico fabricado por uma impressora 3D, em Utretch, na Holanda. Foi o primeira operação desse tipo no mundo. Os médicos disseram que, além de conseguir criar uma peça do tamanho ideal, a recuperação da paciente foi surpreendente, sem sequelas mais graves.
Em março de 2014, Garret Peterson, um bebê americano de 16 meses, foi salvo graças a uma peça de plástico feita por uma impressora 3D. Ele sofria de uma doença rara, que deixava a traqueia flácida e dificultava a sua respiração. Após o procedimento, o pequeno Garret pôde ter uma vida normal.
Diagnosticado com doença rara, pequeno Garrett se recupera após cirurgia para colocar peça de plástico na garganta  (Foto: Reprodução/Garrett The Brave)Pequeno Garrett após cirurgia para colocar peça de plástico na garganta (Foto: Reprodução/Garrett The Brave)
Casos de reconstrução beneficiados por impressoras 3D serão cada vez mais comuns com o passar dos anos. Para Jorge Lopes, professor do departamento de Design da PUC-Rio, isso só é possível graças ao avanço no diagnóstico visual. “Informações de imagem, como ultrassom e ressonância, é a base para a construção de peças em 3D na área médica”, disse.
O grande diferencial dos métodos que utilizam impressão 3D está na possibilidade de customização. Além disso, é mais rápido e prático a fabricação com a tecnologia. Cada pessoa recebe uma peça única, adaptada a seu corpo, o que reduz o risco e melhora a recuperação. Não será incomum se, no futuro, cada hospital estiver equipado com uma impressora 3D.
Bioimpressão
Contudo, não são só os moldes e próteses que estão ajudando o tratamento dos pacientes. Outro método que ainda está engatinhando, mas tem grande potencial, é a bioimpressão. Milhões de mulheres ao redor do mundo são submetidas a cortes e mutilações nos seios ocasionadas pelo câncer de mama. E é justamente na reconstrução do seio por meio de uma impressora 3D que a empresa americana TeVido BioDevices quer atuar.
Junção e ampliação de células de um tecido fabricado por uma impressora 3D (Foto: Divulgação/Organovo) (Foto: Junção e ampliação de células de um tecido fabricado por uma impressora 3D (Foto: Divulgação/Organovo))Junção e ampliação de células de um tecido fabricado por uma impressora 3D (Foto: Divulgação/Organovo)
A companhia utiliza células e gordura para criar um enxerto e desenvolver um mamilo. O material genético é retirado da própria paciente, o que diminui as complicações causadas pela rejeição. O grande diferencial da técnica com a impressora 3D é que o mamilo permanecerá no lugar sem precisar ser reconstruído várias vezes, o que é muito comum em cirurgias reparadoras normais.
Procedimentos desse tipo, em que pequenos partes do corpo são fabricadas em impressoras 3D, estão mais pertos da realidade do que a impressão de órgãos como coração ou fígado, por exemplo. O funcionamento destes é bem mais complexos do que um pedaço de pele, e fabricá-los e mantê-los vivos fora do corpo requer uma estrutura muito maior do que pequenas partes de tecido.
No entanto, em um futuro próximo, isso será realidade. Imaginem quantas milhões de pessoas que necessitam de transplante seriam beneficiadas e quantas vidas poderão ser salvas. Imaginem também os debates éticos que esse tipo de procedimentos provocará. A Organovo, empresa americana pioneira no uso da bioimpressão, já está desenvolvendo fígados humanos que serão utilizados para testes de drogas, o que poderá evitar testes em animais.
Órgãos completos e prontos para transplante ainda podem estar distante, mas a aposta mais próxima apontada pelos especialistas, como o doutor Anthony Atala, do Wake Forest Institute, estão nos pequenos pedaços de tecido que poderão ser usados para reparar órgãos.
Como são fabricados?
Apesar de parecer surreal, o procedimento de fabricação de um órgão não é muito diferente da impressão de uma peça de plástico em uma impressora 3D comum. A primeira etapa está na coleta das células, que pode ser feitas por uma biópsia ou pelas células troncos de um cordão umbilical, por exemplo.
Máquina utilizada para bioimpressão (Foto: Divulgação/CellJet)Máquina utilizada para bioimpressão (Foto: Divulgação/CellJet)
Após a coleta das células, elas são cultivadas até estar em número suficiente para o tamanho da peça que será produzida. Nesse processo, elas são transformadas em uma espécie de tinta de células, também chamada de biotinta. Esse material é colocado na máquina e, com a ajuda de um software, uma quantidade exata de biotinta é injetada.
Depois, é adicionado um gel responsável por manter a estrutura das células no lugar exato. Em seguida, o modelo é deixado em uma espécie de encubadora. Agora, é só esperar e deixar a natureza trabalhar. O código genético das células faz com que elas tomem a forma que são designadas.
via TechTudo.
Anterior
Proxima

Postador

Postagens Relacionadas

0 comentários:

Os comentários serão moderados antes de publicar! respondo todos, obrigado por comentar.