segunda-feira, 21 de julho de 2014

Protestos online dominam Change.org na Copa com centenas de petições

Os protestos que antecederam a Copa do Mundo de 2014 no Brasil criaram a expectativa de que a realização do mundial seria marcada por muita gente nas ruas e manifestações embaladas pelo grito “Não vai ter Copa”. Entretanto, o número de mobilizações populares ocorridas no período foi menor do que o que muitos esperavam. Ao mesmo tempo em que as manifestações nas ruas diminuíram, também em função da forte repressão, a mobilização virtual ganhou holofotes. Um levantamento da Change.org mostra um total de 768 novas petições durante a Copa, somando 530 mil assinaturas. 
A Change.org é uma das maiores plataformas de abaixo-assinados. Atualmente, há mais de 70 milhões de usuários em 196 países. Segundo o site, um terço dos membros já assinou uma petição cujo objetivo foi vitorioso. Desde o lançamento no Brasil em 2012, 2 milhões de brasileiros já aderiram à plataforma. No mês da Copa do Mundo, foram criadas 284% petições a mais que a média mensal do ano (de janeiro a maio), e em relação à quantidade total de assinaturas, este número foi 28% maior.
 Entrega de abaixo-assinado com mais de 180 mil apoios ao Ministério do Meio Ambiente (Foto: Divulgação/Change.org/Facebook)Entrega de abaixo-assinado com mais de 180 mil apoios ao Ministério do Meio Ambiente (Foto: Divulgação/Change.org/Facebook)
Salvem o Mascote!
O tema das reivindicações é variado, mas se destacam pedidos como a campanha#ParquedoTatu, para a criação de um parque de conservação para o tatu-bola. O animal foi escolhido para ser o mascote da Copa de 2014 e desde a sua escolha, a espécie passou de situação vulnerável para em extinção. As 180 mil assinaturas coletadas online para a proteção do animal e a demanda foi formalmente entregue ao Ministério do Meio Ambiente pelos autores do abaixo-assinado.
Homenagem aos mortos
Outra petição popular na plataforma é a que pede aConstrução de um Monumento em Homenagem aos Oito Operários Mortos nas Obras da Copa, durante a construção dos estádio brasileiros utilizados no Mundial. A petição foi criada pela estudante Keille Pereira, filha de um dos operários mortos após o tombamento de um guindaste na Arena Corinthians, em São Paulo.
Mais de 175 mil assinaturas já foram coletadas para o abaixo-assinado da estudante, que decidiu iniciar o protesto após não ver nenhuma menção na abertura da Copa aos trabalhadores que perderam a vida nas obras do torneio. “Esses guerreiros também fizeram parte da Copa do Mundo”, afirma.
Bom Senso FC
A demanda de reformulação do futebol brasileiro levantada após a derrota do Brasil para a Alemanha por 7 a 1 também ganhou destaque com o pedido "CBF, democratize o seu estatuto já!". O protesto organizado pelo Bom Senso FC, grupo que reúne jogadores empenhados na reformulação do calendário brasileiro e na estrutura das federaçõe estaduais, ganhou adesões de 70 mil assinaturas.
Futebol feminino
O futebol feminino também foi motivo de reivindicações. A ex-jogadora Rose do Rio, representante da Liga Brasileira de Futebol Feminino, iniciou uma petiçã para que a presidente Dilma Rousseff envie um projeto de lei ao Congresso Nacional para a profissionalização da categoria. Mais de 20 mil pessoas aderiram à causa "O futebol também é feminino!". Na última quinta-feira (17), Rose entregou o pedido de elaboração do projeto de lei à ministra da Secretaria de Políticas para Mulheres, Eleonora Menicucci.
Aabaixo assinado pela profissionalização do futebol feminino teve mais de 20 mil assinaturas (Foto: Reprodução/Change.org)Aabaixo assinado pela profissionalização do futebol feminino teve mais de 20 mil assinaturas (Foto: Reprodução/Change.org)

Em entrevista à Agência Brasil (EBC), Rose ressaltou o poder da mobilização online. “É o único meio de fazer com que as autoridades percebam a importância do  futebol feminino no Brasil”, disse.
Suárez banido
Os internautas também se mobilizaram para cobrar punição ao jogador uruguaio Luis Suárez, que mordeu o italiano Giorgio Chiellini ainda na primeira fase da competição. Pouco menos de 12 horas após a agressão, foram criadas 10 petições pedindo providências da FIFA. Não é possível apontar se elas tiveram influência direta, mas o fato é que Suárez foi punido com o afastamento do futebol por quatro meses e suspensão de nove partidas oficiais pela seleção uruguaia. A petição pela Punição de Suárez iniciada pelo inglês Rick Varaden teve 32 mil assinaturas em 48 horas.
 Os barraqueiros do Mineirão também entregaram uma petição com mais de 11 mil assinaturas para o prefeito de Belo Horizonte exigindo liberação para voltarem a trabalhar no entorno do estádio e vender o já tradicional Tropeirão.  (Foto: Divulgação/Change.org/Facebook)Os barraqueiros do Mineirão também entregaram uma petição com mais de 11 mil assinaturas para o prefeito de Belo Horizonte exigindo liberação para vender o tradicional Tropeirão. (Foto: Divulgação/Change.org/Facebook)
Acarajé e Tapioca
Toda essa mobilização começou antes mesmo da Copa do Mundo no Brasil. Há poucos meses de começar o mundial, as petições online foram usadas para apoiar as baianas na campanha pela autorização de comercialização de acarajés no estádio da Fonte Nova, em Salvador. Foram 16 mil assinaturas, que acabaram por inspirar também a mobilização pela venda de tapioca na Arena Pernambuco, que arrecadou 25 mil assinaturas. Em ambos os casos, os autores das petições puderam comemorar a vitória.
Copa dos direitos coletivos
Segundo a diretora de campanhas da Change.org no Brasil, Graziela Tanaka, a Copa do Mundo se consolidou como uma oportunidade para a conquista de direitos. A executiva defende que a mobilização pela criação do parque do tatu-bola se transformou em algo mais, que abraça também a proteção de uma espécie, uma forma de preservar a caatinga brasileira por meio da visibilidade que o mascote. 
Já a demanda pela construção do monumento aos operários mortos nos ajuda a lembrar que as condições de trabalho na construção civil não podem ser mais negligenciadas. Assim como a vitória das baianas em defesa da tradição e cultura nacionais.
“O sucesso das campanhas da Copa do Mundo é porque as pessoas sabem que são demandas específicas, mas que remetem a transformações coletivas e que beneficiam a sociedade”, afirma.
O link com as mais de 700 "Petições da Copa" pode ser encontrado no change.org/copadomundo.
via Tech Tudo.
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