Muito se fala sobre Geração Y e Geração Z de jovens, mas o Google Brasil fala em Geração C, conectada, produzindo conteúdo sem parar no YouTube inclusive para o mercado de videogames. Esta é a conclusão de Alessandro Sassaroli (40), gerente de conteúdo e de parcerias da rede de vídeos, que conversou com a coluna Geração Gamer sobre sua experiência pessoal com jogos, além de detalhes de sua pesquisa na área. Confira abaixo.
Alessandro Sassaroli é o homem do Google que faz parcerias com vlogueiros gamers (Foto: Divulgação/Google)
Videogames no Brasil, segundo o Google
O Brasil é o segundo maior mercado do mundo em audiência para o YouTube, rede de vídeos que conta com um bilhão de usuários por mês no mundo. A cada minuto, 100 horas upload de vídeo ocorrem na plataforma.
“Um dado muito relevante para nosso mercado é que 57% das buscas por jogos são realizadas antes do lançamento, mas 91% do investimento só acontece no lançamento e pós-lançamento dos novos jogos”, disse Alessandro, em um evento fechado chamado Google Game Event, que ocorreu na sede da empresa. Na ocasião, estavam desenvolvedores de jogos, publicitários e executivos de grandes empresas, como Ubisoft, Microsoft e Sony.
Apresentação de Alessandro Sassaroli no Google Brasil, apresentando dados do YouTube (Foto: Pedro Zambarda/TechTudo)
Mesmo com todas essas informações, existem outros aspectos que chamam atenção da equipe do YouTube e do Google em si, especialmente na área de jogos na internet. Alessandro Sassaroli explica: “A duração, em média, de um vídeo feito por um gamer é de 15 minutos até 30 minutos. Ou seja, é uma plataforma que deixa as pessoas concentradas no conteúdo que é transmitido, mesmo que seja de forma descontraída. Há várias categorias, como reviews, gameplays e outros”.
Videogames são mídias audiovisuais, mas o Google e o próprio Alessandro Sassaroli acreditam que o sucesso dos canais de vídeo e do próprio YouTube se deve a uma geração de jovens que crescem buscando comunicação, comunidades e formas de se comunicar.
Esqueça a Geração Y. Bem-vindo à era da Geração C
“Eles são comunicativos, criativos e criam comunidades com os criadores de conteúdo. Pessoalmente, eu fiquei muito surpreso com o nível de engajamento tanto de produtores de conteúdos como de seus fãs em vídeos. No caso do Brasil, seria injusto se eu citasse apenas alguns vlogueiros gamers, já que, em linhas gerais, todos entenderam muito bem como produzir conteúdo e engajar audiência no YouTube”, confessa Alessandro Sassaroli.
Para ele, assim como para o Esteban Walther, diretor de marketing do Google da América Latina, os "youtubers" e seus fãs fazem parte da Geração C, de jovens com senso de Comunidade, Curadoria de Conteúdo, Criação e Conexão de Dados.
Para Alessandro, uma geração de jovens conectados está mudando a história do YouTube com games (Foto: Pedro Zambarda/TechTudo)
Muito se ouviu falar sobre a Geração Y, dos nascidos entre 1980 e 1995, de jovens incapazes de se manterem fixos em apenas um emprego e testemunhas do começo da revolução da internet. A Geração C do Google é quase descrita da mesma maneira, mas Alessandro Sassaroli ressalta outros aspectos importantes dessa gente muito conectada: “Eles criaram uma nova cultura de consumo online. As pessoas conectadas respondem por 70% do consumo do país. Vou citar outra pesquisa, sem ser do Google. Segundo dados compilados do site vidstatx, em 8 de abril de 2014, dos 100 maiores canais por assinantes brasileiros, 29 são de gamers. Juntos, todos eles somam cerca de 22 milhões de assinantes”.
O próprio Google publicou um artigo em março de 2013 detalhando o que são esses novos usuários de vídeos na internet. Com o título "Geração C, a geração YouTube", o texto e a pesquisa abordam um uso maciço de veículos multimídia e dispositivos móveis, com telas sensíveis ao toque, como celulares e tablets.
“O fato mais emblemático para mim é ver a força dos gamers brasileiros no YouTube, porque há de fato hoje uma comunidade que produz, com frequência, qualidade e linguagem específica. Por conta deles, consigo ver cada vez mais empresas interessadas em investir no segmento, tanto produzindo conteúdo como anunciando, e gerando negócios junto a esses produtores”, diz Alessandro Sassaroli, explicando como funciona a dinâmica nesse novo cenário.
Como ele parou no Google?
“Eu comecei a jogar videogame com cinco anos. Lembro meu pai chegando em casa com o Telejogo II da Ford Philco. Hoje eu gosto muito de jogar Call of Duty, Battlefield e FIFA. E acompanho meu filho em partidas de futebol no FIFA 14, além do Batman Lego”, diz Alessandro, sobre sua relação pessoal com os games. O gerente não cuida só de jogos no YouTube, mas também de esportes, de educação e de notícias.
Além do Google, Alessandro Sassaroli teve experiência na Editora Abril (Foto: Pedro Zambarda/TechTudo)
Sua paixão por esportes vem do emprego anterior que Alessandro Sassaroli teve. “No dia 8 de abril eu completei um ano de Google. Antes daqui, eu passei cerca de 10 anos em diversos veículos de comunicação. Nos últimos anos eu me dediquei aos projetos esportivos voltados a Copa do Mundo e Olimpíadas”, completa.
O que eu preciso para me tornar parceiro do YouTube?
“As parcerias com gamers se dão da mesma forma com qualquer outro parceiro de conteúdo em vídeo do YouTube. Primeiro, eu preciso identificar canais que acessaram o conhecimento e aplicaram na prática, graças a sua dedicação e empenho. Depois, tento saber o real interesse e dedicação para desenvolver esse canal. Costumo dizer que ter um canal no YouTube não é uma corrida de 100 metros, mas sim uma ultramaratona. Por fim, eu preciso ter um portfólio enxuto com performance de todos os meus parceiros. São três passos básicos para escolher novos usuários criadores de conteúdo”, resume Alessandro Sassaroli.
É necessário organizar conteúdo para conseguir uma parceria, ressalta Alessandro, do Google (Foto: Pedro Zambarda/TechTudo)
Os canais parceiros do Google e do próprio YouTube precisam ter audiência e recursos para gerar renda e produtividade para o serviço, que é gratuito. Somente desta maneira tanto o servidor quanto seu canal podem atrair anunciantes e outras formas de financiamento para o trabalho.
“Eu tenho um número limitado e bem definido de parceiros para aplicar as melhores práticas que o YouTube disponibiliza buscando ser relevante. Conforme esses canais vão crescendo, faço o acompanhamento daquilo que foi proposto e o que foi atingido, e aí estabeleço novas metas de crescimento de audiência, de minutos assistidos, números de assinantes, entre outros critérios. Quanto mais engajado o canal for, maiores serão as possibilidades dele ter uma operação sustentável e rentável”, completa o gerente da operação brasileira.
E o que fazer quando o vídeo de gameplay infringe direitos autorais de marcas dos jogos? “É fundamental que haja o entendimento que o produtor de conteúdo, o usuário que sobe o vídeo, é total responsável por checar se ele pode ou não utilizar imagens, vídeos e trilhas sonoras de terceiros. Embora o YouTube não dê suporte e orientação jurídica, vale checar o link do fórum que trata sobre ‘Conteúdos de videogames e softwares’”, afirma o especialista.
Para onde os videogames irão?
Brincadeira do Google com Pac-Man: Apesar de respeitar o passado, gerente da empresa já imagina o futuro dos jogos digitais (Foto: Pedro Zambarda/TechTudo)
“Vejo a coisa se integrando dentro dos games, a partir da Realidade Aumentada, que me deixará participar de uma corrida F1 de verdade a partir do meu console um dia. Também acredito no Multiscreen, várias telas, com mais pontos de contato e aumento da experiência para o jogador. Penso nisso porque começo jogando na tela de 52 polegadas de casa, interajo no meu celular, continuo no tablet, envio SMS a respeito, além de usar o YouTube para publicar e interagir com gamers antes, durante e depois do jogo. Quando imagino games daqui pra frente, também penso em aparelhos Wearables, a partir de relógios, óculos, sensores e afins. No futuro, imagino nosso corpo se tornando em um grande joystick”, finaliza Alessandro Sassaroli.
via Tech Tudo.
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