Apesar dos envolvidos garantirem que as críticas ao governo dos Estados Unidos com relação à espionagem internacional não seriam a tônica do NetMundial, boa parte das discussões realizadas no primeiro dia do evento tiveram esse assunto como foco. E aqui, há um consenso: esse tipo de prática deve parar.
Isso não é nenhuma surpresa, principalmente quando se leva em consideração que o NetMundial foi criado, justamente, para criar uma governança participativa na internet após o escândalo da vigilância ostensiva praticada pela Agência de Segurança Nacional dos EUA, a NSA. E, entre as propostas apresentadas para a gestão global da rede, a proteção das liberdades individuais está entre um dos pontos-chave do qual os países participantes não estão dispostos a abrir mão.
Esse é um dos focos, por exemplo, do Marco Civil da Internet, que foi sancionado pela presidente Dilma Rousseff logo na abertura do NetMundial nesta quarta-feira (23). E, em seu discurso, a presidente disse que as práticas empregadas pelo governo dos Estados Unidos, que chegou a espionar líderes de nações aliadas, incluindo o próprio Brasil, são "inaceitáveis".
A fala foi apoiada pelo próprio criador da internet, Tim Berners-Lee. Ele tachou a espionagem como a ameaça mais imediata à rede e às liberdades individuais de seus usuários, justamente por ser feita de maneira oculta dos olhos de todos. Para ele, a web deve propagar a liberdade de expressão na mesma medida em que protege a privacidade de cada um.
Descentralização
Apesar de ter sido o alvo de muitas críticas, o governo dos EUA foi parabenizado pela própria Dilma por seus esforços de proporcionar um controle multilateral da internet. Esse, inclusive, é um dos objetivos do NetMundial, que tem a ICANN (Corporação da Internet para Atribuição de Nomes e Números) como uma de suas organizadoras.
Atualmente, a organização é filiada ao Departamento de Comércio dos Estados Unidos e controla todo o registro de endereços online. Mas o presidente norte-americano Barack Obama, que não está presente no evento, já falou que cortará sua relação formal com a ICANN para garantir que essa manutenção seja feita de maneira compartilhada.
A popularização da internet e sua chegada às populações carentes também foram citadas por Nnenna Nwakanma. A co-fundadora da Fundação de Software Livre e Código Aberto da África afirmou que, no continente, apenas 16% dos habitantes possuem acesso à internet, um número que acaba afetando todo o desenvolvimento social e tecnológico da região.
Por isso mesmo, a ideia de uma governança global é importante não apenas para garantir as liberdade individuais, mas também o acesso irrestrito à rede. Nwakanma pediu que recursos sejam investidos para reduzir o que ela chamou de “desigualdade digital” e garantir que principalmente as mulheres sejam incentivadas a acessar a web.
via: http://canaltech.com.br
0 comentários:
Os comentários serão moderados antes de publicar! respondo todos, obrigado por comentar.