Um relatório publicado pela Polygon mostra como as ameaças virtuais estão colocando pressão exagerada e até mesmo afastando os desenvolvedores da indústria de games. A situação é tão grave, que a Associação Internacional de Desenvolvedores de Jogos está procurando criar um grupo de suporte para as vítimas de abuso.
O artigo cita o recente incidente em que envolveu o criador de Fez, Phil Fish, que abandonou o mercado de games depois de uma disputa amarga, pública e prolongada com um número de jogadores.
Outro desenvolvedor que sofre com o assédio virtual é David Vonderhaar, diretor de design da Treyarch, que vem recebendo um número alarmante de ameaças de morte de seus supostos “fãs” depois que uma atualização para o game Black Ops 2 diminuiu a eficiência de duas armas.
O gerente de mídia social da Activision, Dan Amrich, manifestou-se contra os ataques, afirmando: “Se você gosta de seus jogos, tenha um pouco de respeito pelas pessoas que os fazem e pare de ameaça-las de lesão corporal cada vez que eles fazem o seu trabalho”.
Outro desenvolvedor que abandonou o mercado de jogos depois das ameaças foi Greg Zeschuck, um dos cofundadores da Bioware. Segundo ele, o estopim foi o lançamento de Mass Effect 3 e os problemas com o final do jogo. Zeschuck afirma que a reação do público foi tão violenta que surpreendeu a todos da empresa. Depois de ter abandonado o desenvolvimento de games, Greg afirma que está feliz por ter saído e não planeja retornar.
Zeschuck diz: “Eu acho que existem ótimas e apaixonadas pessoas que são arrastadas para isso e isso está tornando suas vidas miseráveis. Fazer jogos já é estressante o suficiente, sem ter que se preocupar com isso [ameaças]. O impacto de ter todos os criadores mais brilhantes perdendo o fôlego e indo embora não vai ser bom”.
É possível apenas ignorar as ameaças?
Stephen Toulouse, que foi uma figura importante por seis anos na Xbox Live explica que, mesmo dois anos depois de ter deixado o cargo, ainda recebe ameaças. Toulouse afirma que o problema não são os games, é a falta de consequências para quem realiza essas ameaças. Ele garante que o único jeito é tentar ignorar:
“Não é todo mundo que pode fazer isso. É algo difícil de pedir para as pessoas fazerem. É como ‘sim, eu sei que eles disseram que vão estuprar a sua esposa, mas você precisa deixar isso passar por você’. É difícil pedir que as pessoas façam isso”.
Sameer Hinduja é cofundador do Centro de Pesquisa de Cyberbullying, fundado em 2005. Segundo ele, o fato de os indivíduos estarem online os coloca em uma espécie de bolha em que os afasta de das convenções sociais, morais e até mesmo da lei, deixando os indivíduos confortáveis para falar o que querem, sem medo das consequências. Assim, muitas vezes eles acabam extrapolando os limites da violência, pois estão protegidos atrás da tela do computador.
Fonte: Polygon, BJ.
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