Uma roupa que está em alta, uma marca da moda ou um acessório que todo mundo usa quase sempre estiveram entre os principais desejos dos adolescentes. Mas, agora, dados mostram um número consideravelmente crescente de jovens que dão importância muito maior aos seus smartphones do que a qualquer roupa ou acessório.
De acordo com o New York Times, essa tendência é uma ameaça preocupante para o varejo de roupas norte-americano nesta temporada de volta às aulas. Os jovens, obcecados por tecnologia, certamente irão preterir comprar o jeans do momento para poder ter o mais novo smartphone do mercado.
As grandes Hollister e American Eagle Outfitters, por exemplo, já perceberam que o estilo despojado e rebelde de calças rasgadas e camisetas sem mangas não atraem mais o público jovem. O que antes era um diferencial social marcado pela maneira de vestir e dos acessórios que compunham um visual, hoje foi substituído pela última geração dos aparelhos portáteis.
Uma adolescente de 16 anos de Nova Iorque disse que as roupas não são tão importantes para ela. "Metade do tempo não compro realmente nenhuma marca. Comprei apenas um par de Doc Martens falsos porque não me importo mesmo", afirmou Olivia D'Amico, que estava fazendo compras na Hollister com sua irmã e uma amiga.
A exemplo de Olivia, os jovens preferem estar "conectados" a utilizar roupas de grandes grifes. "É mais empolgante para muitos adolescentes comprar um novo smartphone que pode fazer um monte de coisas legais, do que novas roupas", afirmou Nicole Myers, que, com 19 anos, é modelo em Nova Iorque. Ela saiu de uma loja da Apple na segunda-feira com um iPhone que custou cerca de US$ 200. “Um telefone entretém muito mais. É uma distração melhor do que roupas.”
O que mais preocupa o varejo de roupas é que essa preferência ganhou também as garotas, como no caso de Olivia e Nicole. E eram elas quem geralmente davam maior atenção ao seu estilo na hora de comprar uma roupa e, consequentemente, eram mais consumistas neste sentido.
John Morris, analista do setor de varejo na BMO Capital Markets, afirma que suas pesquisas com adolescentes sobre tendências tem se distanciado com frequência de temas como vestuário. Analistas e identificadores como ele concordam que uma mudança muito grande nas tendências e gastos dos adolescentes e jovens está ocorrendo. “Você tenta falar sobre qual será o novo visual, o que empolga na compra de roupas, e a conversa acaba sempre voltando ao iPhone 6”, declara Morris.
De acordo com o NPD Group, o setor de varejo de roupas voltado para os adolescentes, que representa 15% de todo o comércio de roupas, vive uma profunda crise devido a queda nas vendas nos últimos trimestres. As empresas que possuem foco apenas neste setor, tem tentado, muitas vezes em vão, atrair os adolescentes para o que tem de mais novo e estiloso na indústria da moda. Lojas de "fast-fashion" (moda rápida) como Forever 21 e H&M conseguiram o seu lugar ao sol competindo duramente com varejistas que estão no setor por muito tempo, visto que oferecem tendências de moda de última hora e a preços baixos.
O varejo de roupa, contudo, está procurando adotar a "moda tecnológica" para conquistar os consumidores jovens. Catlin Haywood, 15 anos, disse que se sentiu atraída pelas muitas capas de telefone decorativas que estavam numa loja Hollister no centro de Manhattan. “Quando você tira fotos, as pessoas veem sua capa”, afirmou. Para ela, isso em si é uma demonstração de moda e bom gosto.
Não é só Catlin que está de olho em acessórios de estilo para dispositivos portáteis. Acessórios como capas de telefones coloridas, com estampas, cravejadas de cristais ou fones de ouvido em cores de néon estão entre as prioridades de consumo dos jovens. “Ter um telefone descolado para mostrar como você está conectada é uma parte enorme do estilo de uma pessoa e da vida hoje em dia”, disse Eva Chen, editora-chefe da Lucky Magazine. Um aparelho personalizado transmite a sensação de algo único e que revela a personalidade de seu usuário.
Chen ainda declara que assim como antes, quando os homens utilizavam relógios ornamentados para sinalizar status, os adolescentes hoje utilizam seus celulares com a mesma finalidade social.
Diretora gerente da Piper Jaffray, Stephanie Wissink declara que depois de muitos anos de forte crescimento, a porcentagem de dinheiro que os jovens gastam com aparelhos eletrônicos se estabilizou em torno de 8% ou 9%. Porém, a tecnologia tem mostrado que influencia de maneira indireta outros hábitos dos jovens.
A pesquisa semianual da Piper Jaffray confirmou pela primeira vez que os adolescentes na primavera americana gastam mais dinheiro em comida do que em qualquer outra coisa. Porém, isso tem relação direta com a tecnologia. “Revelou-se uma atração por ambientes de restaurantes”, disse Wissink. “Aí nós perguntamos a adolescentes sobre a razão disso e a resposta foi o Wi-Fi gratuito.”
Ann Borrero, de 19 anos, afirmou ter uma lista atualizada de restaurantes que ela costuma frequentar para ter acesso à internet. Ela ainda assume: "sou viciada em Instagram".
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