O submundo dos games está em polvorosa desde o último fim de semana. Uma loja brasileira publicou no Facebook um texto alegando que havia conseguido desbloquear o PlayStation 4 para que ele conseguisse rodar jogos de backup — ou seja, a velha pirataria de sempre.
Diante disso, não só os jogadores como toda a comunidade hacker se agitou. Afinal, até então, ninguém havia conseguido nem mesmo chegar perto de qualquer falha no sistema que servisse de brecha para a instalação de outros programas, os chamados homebrews, ou qualquer coisa parecida. E foi aí que surgiu a polêmica.
Situada em Salvador, a tal loja já é conhecida por fornecer material para desbloqueio de videogames e, no texto publicado, ela apenas comemora o feito e informa que não vai liberar nenhum guia ou coisa parecida para que as pessoas possam reproduzir o feito. A ideia é manter o procedimento em segredo e apenas repassá-lo para alguns poucos parceiros, criando uma espécie de monopólio do processo. Quase como a "fórmula da Coca-Cola" da pirataria.
Diante disso, hackers do mundo inteiro começaram a ver com desconfiança o anúncio, acreditando ser apenas um golpe publicitário para gerar burburinho e conquistar alguns novos clientes. E uma das principais acusações dos descrentes é que não foi mostrado nenhuma imagem ou vídeo do suposto desbloqueio.
Como se isso não bastasse, a postagem trazia uma imagem do que deveria ser a peça responsável pelo feito, mas que logo foi descoberta como sendo uma foto genérica da Raspberry Pi retirada de um banco de imagens qualquer.

Ainda assim, o aparente feito foi tão grande que até mesmo alguns sites bem conhecidos da cena hacker debateram o assunto à exaustão. O Wololo, por exemplo, tentou apurar alguns detalhes sem sucesso e até abriu espaço para um colaborador brasileiro apresentar seu ponto de vista sobre o assunto.
Assim como muitos outros céticos, o usuário identificado apenas como Arthanis também questionou a veracidade do desbloqueio e apontou algumas razões bem simples para isso. A começar pelo próprio porte da loja que, embora seja conhecida por fornecer materiais, parece não ter a estrutura de fazer algo tão grande assim. Basta ver que ela nem mesmo tem um site oficial, o que já levanta algumas suspeitas.
Além disso, ele destaca que qualquer pessoa que fosse capaz de derrubar os sistemas de segurança da Sony supostamente teria um nível de instrução um pouco mais elevado e não cometeria tantos erros de ortografia, pontuação e gramática como no texto publicado pela empresa no Facebook.
No entanto, a justificativa que mais faz sentido é que a postura da loja vai de encontro a tudo aquilo que a comunidade hacker defende. Apesar de todas as questões éticas e legais envolvendo a pirataria, os defensores da causa acreditam que esse tipo de conhecimento deve ser aberto para todos e não comercializado como um segredo industrial em um modelo que se assemelha muito àquilo que é feito pelas empresas que eles criticam.
Assim, como ninguém conseguiu ao menos ter uma ideia de como chegar perto de derrubar as barreiras do PS4, fica difícil acreditar que o desbloqueio foi feito sem nenhum ponto de partida conhecido.

Para finalizar a surra de incredulidade, a própria loja removeu a publicação de sua página no Facebook. A postagem original, que foi feita no último dia 22 de abril, não existe mais e ela aproveitou a aproximação do feriado de 1º de maio para informar que ficará offline ao longo desta semana e ainda trouxe uma imagem mostrando que a paciência está acabando.
Em compensação, as perguntas e acusações dos próprios usuários da rede social sobre a veracidade das informações não param de chegar. Tanto que um deles traz uma explicação bem lógica do que seria esse procedimento tão inovador: um sistema de contas fantasmas mais aprimorado do que o modelo utilizado atualmente — e que aSony já conseguiu derrubar — que permite que várias pessoas baixem o mesmo jogo em consoles diferentes.
No entanto, a loja não comentou mais sobre o assunto e, diante de toda a repercussão do caso, dificilmente vai quebrar o silêncio para comentar algo agora que todos os holofotes do submundo dos jogos estão sobre ela.
Assim, para quem estava esperançoso para ver o PS4 ser enfim desbloqueado, talvez seja a hora de criar vergonha na cara e parar de acreditar em qualquer pessoa que prometa trazer a solução.
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