
Na semana passada, o CEO da Microsoft, Satya Nadella, foi alvo de críticas após fazer comentários sobre mulheres que, mesmo em cargos executivos, ainda recebem salários inferiores aos dos homens. Embora tenha pedido desculpas por suas declarações, o presidente da fabricante do Windows tomou medidas mais duras que visam melhorar a diversidade e a inclusão em toda a companhia. As informações são do site Geekwire.
O episódio aconteceu durante uma entrevista de Nadella no Grace Hopper Conference, evento que reúne mulheres que trabalham no mercado de tecnologia. O executivo disse que as mulheres não devem pedir aumento salarial, mas sim esperarem para que seu esforço seja recompensado com o passar do tempo. Ou seja, ele deu a entender que essas profissionais devem simplesmente se conformar com a situação.
O pedido de desculpas do CEO da Microsoft veio pelo Twitter. Contudo, o executivo enviou um memorando interno para funcionários da empresa no qual enfatiza estar comprometido em promover maior igualdade de gênero em toda a entidade, incluindo os setores de engenharia e liderança sênior. "Acredito que, na Microsoft, um bom trabalho em conjunto é recompensado e já vi isso muitas vezes aqui. Mas o meu conselho subestimou a exclusão e o preconceito - consciente e inconsciente - que podem refrear as pessoas", declarou no documento.
Nadella também disse que as "diferenças globais salariais baseando-se entre gêneros e raças [levando em consideração nível e cargo na gigante de Redmond] são consistentemente dentro de 0,5%", muito menor que a média dos Estados Unidos e da indústria de tecnologia como um todo. Por outro lado, o executivo admitiu que a diversidade é um fator que precisa ser melhorado na empresa, já que apenas 29% da força de trabalho da Microsoft é composta por mulheres. "Estes números não são bons o suficiente", afirmou.
Leia abaixo, na íntegra, o memorando escrito por Satya Nadella:
"Hoje, em minha sessão de perguntas e respostas, quero dar alguma perspectiva sobre as últimas semanas - minha viagem para a Ásia, o Gartner Symposium, as conferência Adobe MAX e Grace Hopper e o Windows 10, bem como o foco na Diversidade e Inclusão (e claro, qualquer outra coisa em suas mentes). Em novembro teremos uma conversa com Terry [Myerson] focada no Windows 10, de uma forma mais ampla.
Antes de nossa discussão, quero adicionar considerações sobre a conferência Grace Hopper, na semana passada. Obrigado a todas as pessoas que me enviaram comentários e feedback ao longo dos últimos dias. Foi uma experiência de humildade e aprendizado.
Uma das respostas que dei durante a conferência foi um conselho genérico que simplesmente estava errado. Peço desculpas. Para o contexto, eu tinha recebido este conselho de meus mentores e o segui em minha carreira. Acredito que, na Microsoft, um bom trabalho em conjunto é recompensado e já vi isso muitas vezes aqui.
Mas o meu conselho subestimou a exclusão e o preconceito - consciente e inconsciente - que podem refrear as pessoas. Qualquer conselho que defende a passividade sob essa perspectiva está errado. Os líderes precisam agir e moldar a cultura de eliminar preconceitos e criar um ambiente onde todos possam efetivamente responder por si mesmos.
Não se enganem: estou 100% comprometido com a Diversidade e Inclusão no centro de nossa cultura e sociedade. A Microsoft tem sido um bom lugar para todos trabalharem. Desejo profundamente uma cultura de inclusão. Eu visualizo uma empresa composta pelos talentos mais diversificados. Eu pressinto uma equipe executiva e uma equipe de liderança sênior mais diversificadas.
Acima de tudo, vejo uma companhia que constrói produtos adorados por um amplo conjunto de clientes em todo o mundo. Assim como fazemos da Diversidade e Inclusão um dos temas centrais para os negócios da Microsoft, temos a oportunidade de comandar uma mudança em toda a indústria. Esta é a responsabilidade da equipe de liderança sênior e minha também.
Há três áreas em que podemos e iremos progredir - começando imediatamente.
Primeiro, temos de nos focar em salário e oportunidades iguais. Muitos funcionários têm se perguntado se seus salários estão a par com o de outros empregados. Aqui está o que o RH confirmou para mim: embora os valores flutuem um pouco a cada ano, as diferenças globais salariais baseando-se entre gêneros e raças são consistentemente dentro de 0,5% na Microsoft. Por exemplo, no ano passado, as mulheres nos EUA ganhavam 99,7% do que os homens ganhavam na mesma posição.
Em um determinado ano, qualquer grupo em particular pode ficar um pouco acima ou um pouco abaixo de 100%. Mas isso revela um ponto importante: temos que garantir que não apenas o salário seja igual para todos, mas também as oportunidades de trabalho.
Segundo, precisamos recrutar talentos mais diversos na Microsoft, em todos os níveis. Como você viu nos números lançados recentemente, temos trabalho a fazer aqui na empresa e em toda a indústria. Estes números não são bons o suficiente, especialmente em um mundo em que nossos clientes são diversos e globais. Para atingir esse objetivo - especialmente em engenharia -, teremos de ampliar a diversidade de nossa força de trabalho para os cargos superiores e redobrar nossos esforços em treinamento e contratação. Cada membro da Microsoft Senior Leaders será estimulado a aumentar a Diversidade e Inclusão.
Em terceiro lugar, precisamos expandir o treinamento para todos os funcionários para fomentar uma cultura inclusiva. Apesar de já existirem treinamentos em determinadas áreas, é preciso garantir o nível adequado de prestação de contas para aumentar comportamentos inclusivos em todo o nosso trabalho e ações.
Todos nós precisamos pensar sobre como são feitas as ligações, como o feedback de desempenho é entregue, como os novos contratados são selecionados, como são tomadas as decisões de promoções e pagamentos etc. Precisamos focar tanto o pensamento consciente quanto o inconsciente que afeta todas estas coisas, e a formação obrigatória sobre Diversidade e Inclusão é um ótimo lugar para começar.
Particularmente, estou totalmente comprometido com esses esforços, assim como o resto da equipe de liderança sênior também está. Vamos trabalhar lado a lado com Gwen Houston, gerente geral de Diversidade e Inclusão, para impulsionar o progresso nos três passos acima, e Gwen e sua equipe continuarão contribuindo para melhorar nossos planos e desenvolver novas abordagens. Irei relatar o andamento desses processos a partir de novembro.
Quando assumi meu papel como CEO fui aconselhado a ser ousado e correto. Foi corajoso ir à conferência Grace Hopper para aprofundar a discussão sobre as mulheres na tecnologia, mas minha resposta a uma questão-chave não estava certa. Eu aprendi, e juntos vamos usar esse aprendizado para estimular a empresa para uma mudança positiva. E eu certamente vou voltar à Grace Hopper no ano que vem para continuar esse diálogo. Faremos da Microsoft um lugar ainda melhor para se trabalhar e fazer grandes coisas.
Satya"
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