
Se você não estava perdido ou em uma caverna nos últimos dias, já deve saber que a Sonyanunciou o preço oficial do PlayStation 4 no Brasil: R$ 3.999. Caso você tenha um pouco de bom senso, deve ter achado o valor não só absurdo, como também deve ter pensado que ele é um tanto abusivo.
Em resposta ao BJ, a Sony respondeu que 60 a 70% do valor do console é resultado dos impostos aplicados pelo governo brasileiro. Uma breve pesquisa na internet mostra que todo mundo deu a sua opinião sobre as taxas que video games têm no Brasil. Mesmo assim, a conta ainda não bate. Como a Sony chegou ao valor de 4 mil reais para o PS4?
Não é apenas resultado dos impostos
Veja bem, o PlayStation 4 seria um produto caro por padrão. Ele seria assim mesmo considerando os impostos que todo mundo calculou nas últimas 24 horas. O problema é que existem vários outros custos que vão além das taxas que o governo federal aplica em consoles de video game.
O site Arena publicou um interessante artigo em que conversou com um advogado tributarista e um despachante aduaneiro, que falaram sobre o fato de o preço que a Sony anunciou ser bem plausível, quando considerados os valores de operação e logística para a venda do PS4 no Brasil.
Além das taxas, para que o console seja vendido no país, ele deve chegar até as lojas, já que é fabricado fora daqui. Somente o fato de ele ser montado em outro lugar já encarece a sua chegada ao Brasil. O custo de transporte e armazenamento das unidades é bem mais caro no nosso país que em outros territórios da América do Sul, como o Chile.

Dessa forma, se levarmos em consideração que, além das taxas de importação as únicas que vêm sido citadas por fãs pela internet, o PlayStation 4 ainda sofre com os custos de transporte, burocracia e todos os outros problemas que a comercialização de um produto que não tem isenção fiscal deve enfrentar, o preço faz um pouco de sentido. Somente um pouco, já que é possível comprar tantas coisas com o mesmo valor que beira o ridículo.
Como ter coragem para oferecer um console oficial por esse valor?
Depois do anúncio sobre o valor, Moacyr Alves Junior, presidente da Acigames e responsável pela criação do projeto Jogo Justo, revelou que diversos lojistas se mostraram decepcionados com a Sony. Se pararmos para pensar, a reação é totalmente aceitável.
Como você, que tem uma loja que vende video games, se sentiria tendo que oferecer um produto de 4 mil reais, sendo que o consumidor pode acessar um site como a Amazon ou qualquer outra loja que importa produtos eletrônicos e, mesmo sendo taxado, pagará bem menos pelo mesmo console?
É aí que começam os questionamentos para cima da Sony. Basta fazer uma breve pesquisa em redes sociais para encontrar diversos rumores sobre o que está passando pela empresa desde o anúncio do PlayStation 4.

Funcionários que estariam evitando a imprensa, boatos sobre o preço real do console ter ficado perto de R$ 2 mil, mas que foi para R$ 4 mil para elevar a taxa de lucro da fabricante, sendo que o valor seria reduzido um tempo após o lançamento do console. Todos esses boatos (e mais diversos outros) podem ser encontrados na rede e colocam em dúvida as escolhas da Sony ao fixar o preço do PS4 no Brasil perante o público.
Se as coisas não fossem difíceis por si só, existe um fator muito importante no lançamento dessa nova geração: a Microsoft.
E o preço do Xbox One?
Como todos devem saber, o Xbox One será lançado nos EUA por US$ 499, cem dólares mais caro que o PS4 por lá. Aqui, a Microsoft anunciou que ele chegará pelo preço de R$ 2.199, um valor que pode ser considerado bem alto, apesar de dentro da faixa esperada pelos fãs.
Mesmo assim, para a surpresa de todos, a Sony anunciou o PS4, um console que é US$ 100 mais barato que o Xbox One nos EUA, chegará ao Brasil R$ 1.800 mais caro. Se a Microsoft deve enfrentar os mesmos obstáculos que a Sony, por que o seu console consegue ser mais barato?

A resposta está na maneira como a Microsoft vai trazer o Xbox One para o Brasil. O primeiro elemento que deve ser considerado é que o console da MS não chegará montado ao país. As suas peças são importadas e taxadas, sendo que o video game será montado por aqui. Junte isso ao subsídio que a Microsoft conseguiu e o acordo com lojistas, para que o lucro deles em cima das vendas do XOne seja um pouco menor, e pronto. Você sabe (superficialmente) como o console chegará por R$ 2.199.
Enquanto isso, a Sony trará o PS4 montado, o que muda o tipo de imposto pago pela empresa na sua comercialização em território nacional. Tire as vantagens e você chega, calculando por cima, a um valor que ainda é menor que os 4 mil reais anunciados.
Outro fator que muitas pessoas discutem é a possibilidade de a Microsoft, mesmo com as facilidades alcançadas no Brasil, estar bancando uma parte do valor do Xbox One por aqui. Isso significa que, por mais que a empresa venda diversas unidades, eles ainda poderão ter um revés nesse começo de geração.
Mesmo assim, a empresa estaria formando uma base de consumidores no país, prestando suporte a todos e podendo recuperar os valores em jogos e acessórios. Enquanto isso, a Sony poderia estar tentando bancar a venda e lucrar (bem) apenas com as vendas iniciais do PS4.
Resumo da ópera: não dá para entender com certeza o que a Sony quer
A Sony dificilmente se pronunciará além da informação de que 60 a 70% do valor do PS4 vêm dos impostos. Mesmo sabendo que o valor de todas as taxas ainda não faz sentido ao vermos a etiqueta de R$ 3.999 em cima de um PlayStation 4, essa parece ser a política da empresa. É possível que a companhia opte por reduzir o preço logo após o lançamento do console ou se manter irredutível a mudanças. Não sabemos exatamente quais são as particularidades dentro da Sony e que não são divulgadas.
Mesmo assim, é válido lembrar que não adianta apenas apedrejar a empresa, fazer petições (inúteis) na internet para que o governo intervenha no assunto ou fazer protestos em eventos como a BGS. Você quer mostrar o seu descontentamento com o preço nacional do PlayStation 4? Não compre o console. O mesmo vale para o Xbox One, Wii U ou qualquer outro produto que não seja de necessidade básica.

Sair de nariz de palhaço e fazer montagens na internet não fará o console vender menos do que já venderia após o anúncio do preço. A Sony parece ter assumido para si a “responsabilidade” de ter um produto elitizado dentro do Brasil. Sendo assim, ela terá um público que comprará o console nacional — assim como, antes de sua chegada oficial ao país, algumas pessoas compraram o PS3 por R$ 7 mil, preço estipulado por algumas lojas que comercializaram o video game na época.
A verdade é que, quando anunciou o PS4 por R$ 3.999, a Sony sabia o que teria que enfrentar: um público já acostumado a comprar consoles e jogos através do mercado cinza.

Consumidores que ficam atentos aos valores internacionais, acreditando que eles serão apenas convertidos na nossa moeda, sem pensar nos possíveis entraves fiscais que são enfrentados no nosso país. A Sony fez tudo isso acreditando que esse é o valor ideal para o PS4 no Brasil.
Talvez a Sony do Brasil não tivesse um número considerável de unidades para lançar no país e preferiu aumentar o preço, atingindo aquele público que já compraria o PS4 de qualquer maneira, mantendo o seu lucro.
Todas essas suposições são exatamente isto: suposições. Agora, o que fica para refletir é a chance que a empresa perdeu de trazer um pouco mais de consumidores, acostumados a comprar os seus PS3 e Vitas através de importadoras, para o mercado oficial.
Enquanto não existir uma tentativa de mudança por parte de todos os envolvidos, ainda existirão aquelas pessoas que “compram o PS4 na Santa Efigênia” ou “um primo trouxe para mim de Miami” e empresas colocando consoles como “artigo de elite”.
via BJ.
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