Associar o potencial de criação das crianças com um modelo de ensino que incentiva esta criatividade fez com que um grupo de pesquisadores de Passo Fundo, interior do Rio Grande do Sul, identificassem valores da ética hacker na ação de estudantes de uma escola municipal da cidade. A proposta de problematizar o ensino foi apresentada em Princípios da ética dos hackers e sua presença no ensino fundamental, coordenado por Marcelo Araldi, em uma das atividades que abriram a 14ª edição do Fórum Internacional de Software Livre (Fisl14) nesta quarta-feira (3).
De que maneira os preceitos hackers podem problematizar a maneira com que as crianças são ensinadas hoje? Será que limitar horários, listar obrigações seja a melhor maneira de estimular o aprendizado dos estudantes? Será que não seria mais atraente primeiro surpreender e entusiasmar e, a partir desse interesse, explicar como aquilo é causado? Todas essas questões foram levantadas por Araldi, que também é coordenador da Mozilla Foundation, em seu trabalho "Princípios da ética dos hackers e sua presença no ensino fundamental".
Durante três tardes, em uma escola municipal de Passo Fundo, sete jovens da oitava série do ensino fundamental foram estimulados a brincar com o Hackasaurus, ferramenta da Mozilla para editar e criar sites de maneira muito simples. Tudo isso, em um ambiente regrado com valores da "ética hacker": liberdade, sem avaliação, com o estímulo do compartilhamento, sem a coordenação de um professor.
O resultado foi alentador: alguns estudantes concluíram suas tarefas entendendo todo o processo do que foi feito e, além disso, compartilharam o conhecimento adquirido com os colegas e até produziram conteúdo além do solicitado. Dois alunos apresentaram seis dos sete valores da ética hacker: paixão, liberdade, consideração, atividade, valor social e criatividade. Faltou apenas abertura, que, segundo os pesquisadores, não era possível de ser demonstrado neste modelo de oficina.
Será que essa porcentagem de jovens (dois de sete) com essas características hackers não existe naturalmente em todas salas de aula? Marcelo Araldi concorda. “Quem está aqui no Fisl hoje provavelmente foram esses estudantes que buscam mais, que não se satisfaziam com pouco. O que questionamos é que o sistema educacional hoje bloqueia, emburrece essas cabeças. Desestimula o senso de compartilhamento, de cocriação, de liberdade”, explicou o pesquisador.
Marcelo e seu orientador entendem que a experimentação em Passo Fundo é apenas um protótipo. No entanto, é certo que ambiente ancorados nos valores da ética hacker podem aumentar a criatividade dos alunos em sala de aula. “Ficou evidente que, livres, estimulados, os estudantes ficam mais motivados e têm mais vontade de aprender e conhecer o novo”, relata Marcelo. E, depois disso, tudo é consequência. Formando hackers nas escolas, o mundo acaba se tornando mais criativo.
O que é um Hacker?
“Os hackers não são malvados, pessoal, são pessoas que adoram o desafio intelectual de superar problemas com saídas criativas”, fez questão de destacar Marcelo logo que iniciou sua fala no Fisl. Assim como uma grande parcela do público que lotou a sala durante o bate-papo, a sociedade em geral ainda se confunde com o conceito de hacker, na maioria das vezes achando que são pessoas que praticam crimes virtuais ou agem apenas no mundo digital. “Minha mãe tem uma padaria e frequentemente age como hacker também. No momento em que usa sua criatividade na cozinha para adaptar uma receita ou criar novos alimentos, ela também se enquadra na definição”. O conceito de Hacker surgiu na década de 60 e está amparado hoje em sete valores, escritos por Pekka Himanem.
Entenda cada um dos valores Hackers
- Liberdade: um hacker faz o que gosta, do jeito que gosta e quando gosta;
- Valor social: um hacker cria coisas utéis para a sociedade, que pode mudar a vida de alguém, e esperam geram um certo reconhecimento (agradecimento pelo conhecimento) em troca;
- Abertura: disponibiliza suas criações para serem melhoradas.
- Atividade: participação ativa no seu grupo social. É o cara que produz o conteúdo, que vai, tenta, testa, erra, começa de novo.
- Consideração: Reconhecem o esforço do outro, dão créditos aos desenvolvedores anteriores.
- Criatividade: Um Hacker sempre busca melhorar constantemente, procurando inovações;
- Paixão: dedicar-se ao que faz com amor. Segundo Marcelo, é o fator mais decisivo para quem é um hacker.
- Valor social: um hacker cria coisas utéis para a sociedade, que pode mudar a vida de alguém, e esperam geram um certo reconhecimento (agradecimento pelo conhecimento) em troca;
- Abertura: disponibiliza suas criações para serem melhoradas.
- Atividade: participação ativa no seu grupo social. É o cara que produz o conteúdo, que vai, tenta, testa, erra, começa de novo.
- Consideração: Reconhecem o esforço do outro, dão créditos aos desenvolvedores anteriores.
- Criatividade: Um Hacker sempre busca melhorar constantemente, procurando inovações;
- Paixão: dedicar-se ao que faz com amor. Segundo Marcelo, é o fator mais decisivo para quem é um hacker.
via tech tudo
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